11 novembro 2015

Fogo

Um olhar profundo, tão profundo que anseia explorar a intimidade, quase intimidante, mas hipnótico, inebriante e fogoso, possessivo, ardente porque aquece desde dentro, espalha-se lentamente por todo o corpo, prazerosamente demorando-se primeiro nos lábios, tornando-os vivos, carnudos, ardentes, depois percorre o tronco, acariciando o peito, dançando, um misto de ballet, dança tribal, chamamento dos espíritos, culto de fertilidade, extasiante, arrebatador, segue lentamente passeando pelo ventre, beija o centro do mundo, o centro do corpo, a linha da vida. Este olhar acaricia as coxas, aperta as ancas, deixa as marcas de mãos impetuosas, rasga um canal suave ao afasta-las, um desfiladeiro profundo, um caminho misterioso, uma passagem estreita entre as montanhas, angustura. 

Ardor violento, fogo nascido da paixão, inquietude, satisfação, júbilo, delírio, folia da alma que magnetiza o corpo.   

Sem comentários: