O sangue espesso e quente, com aquele característico sabor metálico, que nos corre no labirinto de veias que percorrem a nossa carcaça, movendo os nutrientes tão necessários para a nossa sobrevivência, alimentando cada milímetro desta estrutura, tornando harmoniosos os movimentos, e permitindo-nos existir, que também move as malditas doenças, que entram por invisíveis e microscópicos poros invadem o nosso interior e minam a nossa vontade, subjugando um ser adulto ás amarras de um leito morno, retirando-lhe primeiro a vontade, depois a luz, de seguida a cor, e por fim tenta levar-lhe a vida.Enquanto durar esta batalha de titãs, entre os guerreiros sujos de cinza escura, oriundos do mais putrefacto charco do Inferno, e os resplandecentes arautos da vida, cobertos de um tom vermelho ocre que brilha quando as nuvens se afastam. Nós somos pouco mais que infelizes espectadores, contorcendo os nossos corpos quando os "cinzentos" estão por cima, e lamuriando quando os supostamente nossos campeões estão em vantagem. Perante tão triste quadro, podemos continuar a mamar nas tetas putrefactas de um animal moribundo, ou abraçarmos o cacto mais espinhoso, arrancarmos com os próprios dentes os bicos que trespassam-nos a carne e beber sofregamente a sua seiva, até este mirrar, para logo depois corrermos para o próximo com o mesmo propósito, até sentir o rio que nos percorre a transformar-se de um charco de águas paradas onde os insectos fazem festins, num cachão de águas vivas, que nos obriga a abrir os olhos, a boca, as narinas e todos os nossos poros na procura das sensações que a nossa fraca memória conseguiu preciosamente guardar.
Ainda não chegou a hora.
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