27 agosto 2009

Um punhado de dias


Está para breve...
Está para breve...
Está para breve...
Ouço a minha própria voz a murmurar-me ritmicamente ao ouvido.
Faltam apenas uma mão cheia de dias! A vida contada pelos dedos, num raciocínio simplista e até infantil!
Está para breve... o momento inadiável e inalterável, que irá mudar o curso da minha vida! O fruto do juízo dos homens, como uma provocação mandatária para quem vive nesta sociedade podre! Sim, porque esta é a minha opinião formada e esclarecida sobre o enxame de criaturas que atropelam, estropiam e matam, nas mais variadas formas, o carácter individual do cidadão.
O meu intimo diz-me que devo permitir os acontecimentos revelarem-se, e só depois, adequadamente intervir adequadamente, mas parece inevitável conseguir escapar ás nuvens negras que estorvam o meu espírito. As nuvens que nascem da condensação das gotas de sangue escuro que brotam das feridas que julgavam saradas da minha alma.
A água salgada do mar irá sarar estas feridas...
O Sol quente irá sublimar esta neblina cinzenta, que nem merece o nome de nuvem...
O ar fresco e húmido irá trespassar a minha alma, lavando-a deste odor desagradável...
O mal adensasse, mas basta cerrar os olhos e abrir os braços, e com este movimento, e com a tempestade que estes provocam, todos os demónios são forçados a refugiarem-se na sua escura pestilência...

Irei viver por mais um punhado de dias!

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