26 junho 2009

Frágil

Nunca fui anónimo, nem sequer silencioso, apesar de muitas vezes calado ou até alheado.

Mas neste último ano, ano e meio, tentei aprender a ser mais uma centelha ténue, num mundo de buracos negros, super novas, estrelas cadentes, ou em ascensão. Embrenhei-me na filosofia, perscrutei nas religiões harmonia e bem estar, devorei livros (de literatura) a um ritmo insaciável, descobri a beleza da poesia (dos mestres), e descobri que ao fazê-lo cometi todos os erros num só acto! Procurava respostas escritas, palavras sábia, elixires milagrosos, e tentava recuperar um tempo que estupidamente achava ter perdido. Durante esse tempo, frequentemente deparei-me com o comentário que a "vida deve ser experimentada e vivida" (há ainda quem advogue que ao tentar-mos esmiuçar , analisar ou explicar a mesma, atentamos contra esta, pois quando o fazemos suspendemos a nossa própria existência). Hoje, não parece ser um comentário de todo disparatado!

No outro dia, ao passear-me pela net, parei num blog muito interessante. Confesso, que sem inocência já tinha tido o prazer de espreitar para o seu conteúdo, mas desta vez foi um pouco diferente, a mensagem falava do "veneno", uma substância mortífera e terrível, especialmente que for produzida pelo ser humano, corrói a essência do ser, destruidora das entranhas, afecta o pulsar da nossa centelha, aflige o âmago da carcaça externa, empurrando as nossa expressões faciais para baixo...

Ou não...

Imaginem-se a andar, com os pés descalços, em arestas de ardósia afiada, tal como encontramos em algumas das nossa belíssimas praias, neste preciso momento apresenta-se imediatamente uma solução - sair dali o mais depressa possível, ou da próxima munirmos-nos de algum tipo de calçado, ou em opção, tornarmos-nos mais miraculosamente mais leves, pousando delicadamente a planta dos pés sobre as cortantes arestas, desfrutando do ar fresco que corre nas frestas destas formações rochosas... e ir onde outros nem ousam a pousar o seu delicado e frágil corpo.

O simples prazer de experimentar...

Nunca fui anónimo, e confesso que sempre achei estranho um ser humano assumir-se como tal, mas creio que faz algum sentido "ser-mos algo indiferenciado" (apenas uma criatura que palmilha o seu caminho,) em oposição ao ser EU, protagonista.

Continuo calado, mas nem sempre silencioso... deve ser este o meu caminho?

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