09 março 2009

Idiossincrasia


do Gr. idiosygkrasía < ídios, próprio + sýkrasis, constituição, temperamento

s. f.,
disposição do temperamento de um indivíduo para sentir, de um modo especial e privativo dele, a influência de diversos agentes;
reacção individual própria a cada pessoa;

04 março 2009

Vou ouvir música...



O silêncio não é ausência de som, é a não presença de corpo, é uma lupa sobre as ínfimas partículas presentes numa sala vazia, é o frio gélido de um quarto desabitado, tem o cheiro de um só hálito, e esconde na sua sombra todos os demónios que desde o nosso primeiro dia atentam a nossa vida, tentando afiar as suas garras no nosso couro, furando os olhos com a sua negritude e arrancando-nos a carne mole das orelhas, com as suas palavras indecifrável... As gotas de chuva ao baterem na vidraça parecem aves tresloucadas a embaterem numa carlinga, a ventoinha do ar condicionado, ouve-se como se fosse uma engrenagem desalinhada de uma velha e enferrujada máquina industrial, até as lâmpadas produzem um zumbido que mais parece o electrocutar de um inocente insecto.

O silêncio acorda o sempre atento lado nego da minha alma, uma criatura ancestral, um ser feroz, com um odor acre, a fazer lembrar palha molhada, armada com garras arqueadas, lascadas pela sua longa existência, olhos tão negros, que conseguem-se ver como dois buracos na escuridão. Sinto o seu lento pulsar, vindo de algo que pode ser o seu coração, ou apenas o arfar pesado e rítmico da sua respiração, marcando de forma inequívoca a sua presença na mesma sala onde me encontro.

Odeio o silêncio.